segunda-feira, 6 de junho de 2016

O MENINO DE 10 ANOS - O CHOCANTE NÃO É UM MENINO SER BALEADO PELA POLÍCIA, E SIM ESTE ATIRAR CONTRA O POLICIAL


O chocante, nesse caso, não é o policial ter atirado e acertado no pequeno marginal, e sim o fato de um garoto com apenas dez anos ter uma arma, ter roubado um carro, e ter disparado contra o policial quando abordado em fuga. O policial fez o certo, agiu como deveria, conforme as leis e sua missão de preservá-las. Sob ataque, reagiu, e acabou matando o delinquente. Mas como nossos valores andam bastante invertidos, foi preciso se justificar, pois pelo visto o policial deveria ter levado tiros sem reagir se percebesse ser uma “criança” do outro lado. Então quer dizer que mesmo que o policial soubesse se tratar de uma criança não deveria reagir? Não importa se o vidro era escuro ou não. O policial estava diante de um bandido que reagiu e atirou. Ele tinha o direito inalienável de se defender e a obrigação legal de reagir. Explicar aos meus vizinhos americanos que o Brasil fica chocado com o fato de um policial reagir só porque era um menor de idade do outro lado é algo impossível: não vão entender. Podemos lamentar o fato de um moleque tão novo enveredar pelo crime, mostrar que a Lei de Desarmamento é uma piada, constatar a decadência de nosso modelo de “educação”, pontuar que os valores familiares dilapidados criam monstrinhos, tudo isso. Mas não podemos condenar, nem por um segundo sequer, a conduta do policial. Ele tinha que atirar de volta mesmo. Estava diante de um bandido reincidente ainda por cima: segundo o DHPP, a dupla já tem passagens pela polícia, por roubo a um hotel e outra por tentativa de furto de carro. A última ocorrência foi registrada no dia 28 de maio deste ano*



Aquele menino de 10 anos não tinha um nome, era uma criança abandonada no mundo... mas passou a ser chamado, conhecido e reconhecido pelo nome e sobrenome: Ítalo Ferreira de Jesus Siqueira.

Aquele menino de 10 anos também não tinha uma Mãe presente, aliás, ele fora criado pela avó, pois sua genitora nunca tinha de fato exercido seu papel: já tinha inclusive sido presa e cumprido pena. Mas agora, de uma hora para outra, Cintia Ferreira Francelino se transformou na "Super Mãe", aquela que sabe detalhes imperceptíveis da vida de um filho... já pode até dar aulas de "maternidade responsável"!!!

Aquele menino de 10 anos não tinha quem olhava pelos seus direitos: já tinha praticado várias condutas antissociais, já tinha sido recolhido a abrigos e fugido, não estava na escola, estava desprotegido e, literalmente, "jogado no mundo": mas também, como num passe de mágica, ganhou defensores, advogados, membros de Conselhos que dizem defender direitos, autoridades públicas, políticos e mais um tanto de gente que se aproveita dos holofotes, não para falar de pessoas, mas para "levantar bandeiras", para defender ideologias.

Aquele menino de 10 anos não tinha culpados para justificar o caos que era sua vida e a invisibilidade perante a sociedade: mas, nos poucos minutos que durou a perseguição, a troca de tiros e sua morte em confronto com a Polícia, ele conseguiu o que lhe faltava. 

Serão os policiais militares que atuaram na ocorrência que serão (já estão sendo) os responsáveis por Ítalo ter a sua história concluída de forma tão trágica.

Não foram os policiais militares que trouxeram Ítalo ao mundo, nem o abandonaram à própria sorte; também não foram os responsáveis por ele não estar na Escola, nem por inseri-lo no mundo do crime: a culpa dos PM é a de fazerem parte do braço do Estado que mais tangência e interage com o situação de falência e degradação em que se encontra a sociedade brasileira.

Será esta mais uma oportunidade para, simplisticamente, acusar a Polícia Militar, ofender todos os seus integrantes e, gananciosamente, brigar na Justiça por uma indenização milionária.

Até que venham outros Ítalos....

Humberto Gouvêa Figueiredo é Coronel da Polícia Militar-SP e comandante do policiamento na região de Ribeirão Preto (esse texto está no seu site Blog pessoal)


Rodrigo Constantino ainda finaliza:


Famílias destroçadas, valores invertidos, drogas, impunidade: essas são as principais causas do problema. O resultado está aí: marginais cada vez mais novos, ousados, destemidos, colocando vidas inocentes em perigo. É triste observar a tenra idade do marginal, claro. Mas era alguém disposto a matar um pai de família. Dificilmente teria salvação em nossas instituições “corretivas”. Era um retrato da falência de nosso país. Procurou e encontrou um trágico destino pela frente.

Entendo quem sinta que poderia ajudá-lo com carinho e amor, quem o veja como “vítima”, mas ele já tinha feito suas escolhas, ainda que sob terrível influência de seu entorno. Há meninos de dez anos em favelas tentando ser alguém na vida, estudando, aprendendo a tocar instrumentos musicais, fazendo as escolhas certas, apesar de tudo. São esses que precisam ser valorizados, enaltecidos. Não aqueles que optaram pelo caminho do crime, da barbárie, e colheram aquilo que plantaram.

Ficamos tristes ao ver uma pessoa tão jovem acabar assim. Mas seria muito pior se pais de família inocentes, se outras crianças fossem suas vítimas fatais num eventual assalto. Ele fez suas escolhas, e precisamos cobrar dos indivíduos a responsabilidade por seus atos. É o que está faltando mais em nosso país.


Adaptação dos artigos por Ten. Fábio

*INTRODUÇÃO DO TEXTO POR RODRIGO CONSTANTINO





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